“É SURDO-MUDO!…”

Quem já não ouviu esta expressão? É um mito, uma afirmação incorreta que, infelizmente, ainda nos dias de hoje é vinculada pelos próprios meios de comunicação social. Na verdade, um surdo apresenta geralmente todas as condições anatomofisiológicas necessárias à execução da fala, tendo potencial para desenvolver a oralidade. O que acontece é que alguns surdos nunca foram “ensinados” a falar (nunca foram oralizados), assumindo, ou não, a língua gestual portuguesa como sistema primordial de comunicação. Também podem, simplesmente, não usar a oralidade por opção. Em casos de surdez, o objetivo primordial da Terapia da Fala é, de facto, a promoção da oralidade. Há um trabalho dirigido e específico para lhes dar funcionalidade ao nível da linguagem oral (incluindo muito treino de memória auditiva) e da linguagem escrita, bem como ao nível da fala (tornar a articulação verbal em discurso espontâneo o mais inteligível possível). Mais se informa que o mutismo puro é extremamente raro e decorre normalmente de graves lesões cerebrais, não tendo qualquer relação direta com a surdez. Esperamos, embora de forma muito simplificada, ter esclarecido eventuais dúvidas ou ideias pré-concebidas sobre este tema.